Never Been Kissed

Bom dia vida! Disse Miguel como todas as manhãs. Já era hora de banhar-se e ele estava a caminho do chuveiro. Era um dia ensolarado, com poucas nuvens no céu. Normal? Não para Miguel, era o seu dia.

Miguel tinha 22 anos, estava no sexto período do curso que tanto amava, direito.  Sempre falava para si que ele tinha o “direito” em suas mãos. Para muitos: um pensamento parvo, para ele: sua ideologia. Como tinha dito, era um dia muito especial para Miguel. Iria apresentar o projeto que tanto aguardava. Estava ansioso, mas seguro. Mesmo o trabalho sendo em grupo, Miguel optou fazer sozinho, afinal não tinha amigos. Tinha fama de cabeçadeferro. E todos se distanciavam dele. Pobre Miguel, era tão sozinho.

Já tinha preparado todo seu material. E foi rumo a faculdade.

Ao chegar percebeu que estava tudo silencioso. Não via pessoas em lugar nenhum. E faltavam 30 minutos para as aulas começarem. Estranhou, mas foi para a biblioteca ler um livro de Sociologia. O sinal tocou, fechou o livro, devolveu à estante, e foi-se para sala.

Todos já estavam na sala, só faltava a professora. Como de costume, sentou-se na primeira cadeira. E esperou a apresentação.

O relógio e seu “tic-tac” estavam deixando Miguel mais nervoso do que nunca: “será que vai dar certo?”

Chegara a vez do jovem. No começo gaguejava, era comum, mas aos poucos foi ganhando confiança, e seguiu em frente. Faltavam dois minutos para o término da sua apresentação, uma surpresa estava por vir.

Na finalização, algo terrível aconteceu.  Miguel tropeçou na quina da mesa foi-se ao chão. Todo seu trabalho, todo seu esforço, tudo que tinha preparado nos mínimos detalhes foi perdido por um acidente. No mesmo momento da queda, a sala caiu-se em risos e gargalhadas. Miguel sentiu-se envergonhado e humilhado, nas suas lágrimas dor e sofrimento de um batalhador, mas que por um desastre caiu-se em pranto.

Correu, foi para um canto escuro da biblioteca, e começou a se lamentar: “Por quê?... logo comigo?... Eu sou um completo idiota.”

Nesse momento apareceu uma mulher, com feição de uma linda e delicada moça, aparentava ter 20 anos. Seu nome era Beatriz. Lindo nome para uma linda mulher. Tinha uma voz delicada, melodia angelical para seus ouvidos. Perguntou Beatriz: “Estas bem?” Respondeu que sim. Mas seu coração gritava não. E ela disse: “Eu acho que não, olhe para si, eu vejo olhos tristes e um coração doloroso, vá, conte-me o que aconteceu.” E Miguel expôs tudo o que aconteceu, tudo o que estava deixando-o sofrer naquele momento. E a jovem Beatriz respondeu: “Miguel...” Repentinamente ele fala: “Sabes meu nome?” E ela lhe disse: “Conheço-te de vista, muitos falam de ti por aqui. Dizem que tu és um menino inteligente...” “Obrigado”, respondeu Miguel calorosamente. E Beatriz continuou a falar: “Miguel, não fiques triste com o que acontecera, levante-se guri, tu és um belo jovem, terás uma ótima vida pela frente, não fiques lamentando-se por ações e reações que mesmo não querendo, aconteceu. Olhe para mim, tu és belo, não se queixe, apenas viva!” Ao olhar os lindos olhos verdes de Beatriz, algo mágico aconteceu com o jovem, uma sensação estranha, mas enlouquecedora, estava amando. Miguel aproximou-se de Beatriz, aproximou-se mais ainda, segurou-a firme e a beijou. Foi o melhor momento que Miguel já havia passado. Ao tocar os doces lábios de Beatriz sentiu seu coração pulsar freneticamente, sentiu seu corpo arrepiar, sentiu uma brisa tocar sua face, sentiu seu primeiro beijo de amor.

Miguel, sem saber o que falar, disse: “Desculpa, o que fiz foi errado, acabei de conhecer-te, peço que tu me perdoe.” A menina disse que não se importava, mas apenas o perguntou por que ele fez uma ação tão surpresa, e ele respondeu: “Nunca tinha sentido algo tão diferente comigo, uma chama tocou meu coração e ela me disse para beijar-te. Foi minha primeira vez, e a melhor...” Miguel pensou que ela riria dele, mas ficou surpreso, pois ela disse: “Miguel, não negareis que senti o mesmo, ao fitar teus olhos senti uma força empurrando-me a ti. E aconteceu, e digo-te mais. Eu também nunca beijei um homem, estava me guardando a uma pessoa especial, que me fizesse sentir como uma princesa, e acho que encontrei esse alguém...”

Os dois então namoraram, casaram, tiveram seus filhos, netos e bisnetos, e morrerão juntos.

Um momento tão especial na vida de Miguel tornou-o de um jovem menino para um magnífico homem.

Gabriel Almeida