Carta de despedida

Olá. Vocês devem estar se perguntando: “Onde estou eu”, ou não. Sim não estou mais em casa. “Arrumei minhas trouxas”, fui embora, “vazei”. De tantas formas posso falar né, incrível. Mas o importante é que agora livre sou. Cansei desses pensamentos que eu não suportava mais. Sempre era repudiado por não aceitarem minha opinião, meu ponto de vista. Eu não concordava com isso. Sempre tinha que ir com suas opiniões, não podia falar o que pensava e achava, isso é injusto. Era sempre vocês que eram controladores de tudo, e eu ficava de marionete, não podia tomar minhas próprias decisões. Creio que ninguém me considerava, não achava que o que pensava iria dar certo. Então, olha o que aconteceu. Sim, fui tratado sem amor, ninguém se importava comigo, mas eu, tão ingênuo, pensava que era o melhor filho do Mundo para vocês. Mas com o tempo, aprendi que tudo isso não estava certo. Minha mente evoluiu, meu modo de pensar cresceu e me fez tomar decisões, mesmo vocês não querendo.

Sempre fiquei calado, sofrendo sozinho. Nunca expunha o que sentia para alguém. Sabe porque? Não tinha a quem recorrer. Todas aquelas mágoas, rancores, desavenças ficaram pútridas no meu coração. E fazendo deles um mar de espinhos. Ódio, vingança, perdição. Sim, fatores esses me levaram a fazer tudo o que fiz. Lembra aquela zona que estava em casa, tudo destruído? E eu falei que um bandido tinha invadido a casa. Não foi o bandido, fui EU. Descontei parte dos sentimentos que estava sentindo, começando pelos nossos porta-retratos juntos. Mas eles não se acabaram. Comecei agora, parti. E sem ter lugar pra ir vou pro lugar mais perto que achar quem me acolherá. E advinha quem será?  Drogas, prostituição, AIDS, o Mundo de perdição. Comecei experimentando o crak, que bom, umas das melhores experiências da minha vida. Depois fui para a cocaína. Não gostei muito, e parei. E or último a maconha, foi forte, mas consegui, e hoje a cada hora uso. E como faço para conseguir dinheiro? Vendo-me, sempre passa um “cheio da grana” aqui, afim de um programinha, até acho que me contaminei. Eu sempre digo que vou para a casa da Clara, mas lógico que não vou, me perco na drogas e sexo.

Daqui a alguns anos não agüentarei mais, estarei morrendo por dentro, e depois por fora, sim, depois de estar morto por dentro, pego uma arma dos “comparsas” aqui da zona, e simplesmente cometo um ato mortal. Sim, e vocês serão o culpados de tudo isso. Estão vendo como uma falta de amor faz com uma pessoa. E não venham querer me procurar, pois não irei. É a hora de dizes adeus.

Até nunca mais.

Felícia

Lágrimas de sangue escorriam nos rosto dos pais, era um sofrimento brutal. Ouve-se um som, era alguém batendo na porta. Seria a “morte” indo buscá-los. Ao abrirem, uma grande surpresa, era Felícia. Todos se abraçaram e beijaram-se, e Felícia foi amada durante toda sua vida.

Gabriel Almeida